segunda-feira, 12 de junho de 2006

Somos todos boçais

Ai meu deus. Tem hora que não dá, não mesmo.
A coisa mais legal que eu vi esse final de semana foi o Sidney Magal dando uma entrevista a uma loirinha água-doce enquanto jogava Playstation 2. A TV está cada vez mais boçal, e a população tá tomando esses hábitos horrorosos também. Mas não é só a TV burra que é boçal. Todos nós somos, vejamos bem. É só prestar atenção um pouquinho e vamos perceber em nós às vezes não só um traço de boçalidade. Dependendo do grau em que nos encontramos, podemos ser até uma hachura inteira de boçalidade à flor da pele.
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Primeira análise: Sexta-feira fiquei um tempão discutindo com um colega, porque ele gosta (na verdade tem uma admiração horrenda por ela) da pior professora que eu já tive naquela UnB (fatalmente na FE), professora essa que também é uma boçal. Ai, santa margarida, eu sou boçal.
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Segunda análise: A pessoa que escreve dois textos ao mesmo tempo, tomando-se por base (ou "a grosso modo") a quantidade boçal¨ de parênteses utilizados, o que forma quase um entretexto.
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Outra análise: Programa de TV de Domingo (leia-se 'perda de tempo') em que as pessoas levam seus bichinhos para apreciação do público. Temos um par de ferrets que gastam por mês quase R$500.00 (preciso lembrar que isso num país onde a maior parte das pessoas não recebe nem isso por mês pra sustentar casa e filhos?), uma cabra vestida de noiva que precisa de um companheiro (ele deve ser de boa família e querer compromisso sério), um cachorro que chupa o dedo (dos outros, óbvio), um carneiro que mora num jardim do tamanho da minha casa e um calango tatuado que cria uma iguana.
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Entreanálise: A dona da formosa cabrinha aí de cima chorando no programa por que não tem como alimentar seus vinte e tantos animais de estimação. Pede ajuda e chora como quem vê um filho passando fome.
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Mais uma: A pessoa ter vontade de assistir um filme só pra ver o Antonio Banderas dançando. Mas é o Antonio Banderas.
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Quinta análise: Top 5. A não ser, é claro, que você tenha assistido High Fidelity. Aliás, quer coisa mais boçal do que fazer alguma coisa só porque alguém no cinema fez?
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Análise meia-dúzia: Falar que um cara grande (do tipo o maior teórico da literatura no Brasil) não escreve nada, é um charlatão ou coisa parecida, só pra alguém achar que você, apesar de chato, asqueroso, imbecil e idiota tem o mínimo de inteligência pra manter a coluna vertebral ereta.
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Análise sétima: brigar pra ver quem vai pagar a conta telefônica...
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Oitava análise: Meia hora discutindo a ordem numérica de 1-2 só porque alguém gosta mais do nove.
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Nueve, nueva: Aceitar as coisas do jeito ques estão só porque não se tem coragem pra mudar. Ou pra reclamar.
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Décima, mas não última: chupar ossinho de carne de vaca. Costela.
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¨"Boçal -4. muito grande; enorme, descomunal, imenso [etc.]" (Houaiss)