quarta-feira, 1 de março de 2006

Carnavais, Malandros e Heróis: Feliz 2006

Sim, o título é copiado, mas em parte. Esse é um livro*, por sinal muito bom, do antropólogo Roberto Damatta, da Universidade Federal do Rio. Me apropriei dele, porque uma coisa é incontestável: o país só começa depois do carnaval. É como se ele fosse o finzinho das férias e festas de fim-de-ano. O fim do descanso e o começo da labuta. O país começa feliz e radiante, descansado, de alma lavada. Ou, como diria o poeta, "depois do carnaval a carne é algo mortal, com multa de avançar sinal".
Essa é uma das características do país do futebol. Juntamente com a típica alegria e hospitalidade do habitante da Terra Brasilis, a Lei de Gerson é uma coisa quase genética aqui pelo sul do Equador (ou seria os fundos da América Latina?). Lógico que o chefe vai desculpar você só ter dado a cara no trabalho hoje de manhã (Que isso, chefia? Não me diga que era sério aquele papo de feriado até o meio-dia?), sua mulher não vai nem ligar para o fato de ter estragado o feriado dela no fogão ou levando a criançada de matinê em matinê, enquanto o bonito do marido nem deu as caras em casa cinco dias seguido (ou ficou em casa comendo e bebendo com os amigos os cinco dias, fato responsável pela patroa ter esquentado a barriga no fogão esses dias todos) e o DETRAN não vai mesmo mandar aquela multa por excesso (não só) de velocidade. Nãão. Em tudo dá-se um jeito.
Escolas de samba transformam seus reais em fantasias (literalmente), os turistas se amontoam, principalmente no Rio. As pessoas sorriem, se abraçam, fazem amor e folia.
Mas de uma coisa ninguém lembra: nem tudo é mágica no carnaval. A criança desamparada continuou desamparada, a mãe sem recursos continuou sem recursos. Políticos continuaram ganhando muito para não fazerem (quase) nada. Dona de casa continuou pagando caro(íssimo) pela passagem de ônibus pra dormir no hospital -longe de casa- com o marido ou filho doente.
Tem gente que não acha graça nenhuma nessa realidade, principal que convive com ela diariamente.
Será que pra isso tem "jeitinho"? E será quando que o Brasil vai começar pra essa gente?



*"Carnavais, Malandros & Heróis", Editora Rocco

3 comentários:

Madame Bovary disse...

Cara mia o Brazil só vai mudar para essa gente quando as teorias e os teóricos de plantão forem todos para a pqp....Quando a educação deixar se ser meramente um artigo comercial e passar a ser um o instrumento de transformação das mentes e qnd nossos políticos não forem mais canibais...desde sempre se fala q o ano só começa depois do carnaval...já está no imaginário...grudado no nosso inconciente .....mais um meio de manipulação...a velha ideologia de q somos um povo alegre...tranquilo..amável etc..etc..etc...essas bobagens ...

Madame Bovary disse...

correção: inconsciente..hehehhehe

annarraissa disse...

alteração feita. É sempre um prazer tê-la aqui, beijos.