-Boa tarde, eu sou a Tatiana da Crédito Pré-Aprovado da ABC. Com quem eu falo?
...
-"A BrasilTelecom agradece sua ligação. No momento, todos os nossos atendentes estão ocupados, por favor aguarde."
...
(Numa loja de celular, ao meio-dia d'um domingo)
-Olha, colega, esse plano aí queridinha é só praqueles tipos de aparelho ali. Mas se você quiser, colega, a gente podemos te mostrar outros, meu bem.
...
-Porque tinha que tirar a literatura do curso de Letras mermo. Meu negócio é gramática. Até essa porcaria aí dessa lingüística podia tirar também.
...
-Eu não gosto de filosofia. Essa história de "quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha" é uma chatice.
...
-Ah, esse seu sapato é igual ao da fulana da novela.
...
-Não, agora a gente não tá atendendo. Você pode vir amanhã de manhã? Mas vem antes das onze, é melhor (...)
...
-Esse presidente só pensa em pobre. Ele não lembra que foi a elite financeira que levou esse país pra frente até hoje.
...
-Professor só serve pra transformar essa cambada de burro num monte de petista idiota.
...
- Ah! Queridíssimas, lindíssimas, pulcríssimas, estou por demasiado contente em reencontrá-las após esse longo período de greve. Ah, chiquerésima, te mostrei o livro que eu me estapeei na livraria pra conseguir? O acontecido me arqueou sobremaneira...
quarta-feira, 26 de abril de 2006
HE-MAN
Que atire a primeira castanhola quem não pensou nele uma vez sequer durante as últimas três semanas.
Pare e preste atenção: você ouviu o nome dele pelo menos duas vezes ao dia durante duas semanas e viu -durante cinco dias- uma fila de desesperados querendo ao menos cinco minutos a sós com ele. Ele monopoliza as atenções e os pensamentos durante o período de matrículas (e as vagas também). Ele faz você esquecer tudo que tem pra fazer e ficar sentado horas a fio, esperando ansiosamente o minuto em que sua vez de sentar na frente dele e ouvir um "pois não" em sotaque hispânico chegue. Ele faz você sentir ódio profundo dele. Ele te faz inclusive ter vontade de substituir a barba e a voz grave por um par de coxas grossa e uma minissaia.
Há quem, ainda por cima, teve que ouvir das amigas histéicas uma mistura de palavrões e elogios em castellano àquele ser.
Diz aí: El Cordenador é ou não é THE MAN?
terça-feira, 18 de abril de 2006
Olimpíadas
CATEGORIA PESOS-PESADOS:
Modalidade: War
N° de Participantes: 2 (Sr. George W. Bush versus Planeta Terra)
Como jogar: da forma mais suja.
CATEGORIA PARTIDÁRIA:
Modalidade: Pugilismo
N° de Participantes: 3 (José Serra versus Geraldo Alckimim + Aliados)
Resultado do jogo: José Serra ganhava disparado até o último round. Alckimim (que deve ser alquimista) conseguiu ganhar a partida no último minuto.
CATEGORIA NACIONAL:
Modalidade: Qualquer coisa em que um taco de beisebol possa ser diplomaticamente arremessado na cabeça do oponente.
N° de Participantes: 2 (Senador C. Buarque versus Sr. C. Vigilante)
Resultado Parcial: Vigilante não se deixa abater (pelo menos aparentemente), apesar das pancadas que recebe em sua cabeça dura. C. Buarque acusa o adversário de tramóias e jogo sujo.
CATEGORIA BURITI:
Modalidade: Golfe
N° de Participantes: Vários. Mas nessa modalidade, é a esquerda autofágica contra ela mesma.
Observando o jogo: D. Arlete e Sr. Agnelo estão com seus respectivos tacos, mas não se sabe onde foram parar as bolinhas e os "buracos".
Modalidade: War
N° de Participantes: 2 (Sr. George W. Bush versus Planeta Terra)
Como jogar: da forma mais suja.
CATEGORIA PARTIDÁRIA:
Modalidade: Pugilismo
N° de Participantes: 3 (José Serra versus Geraldo Alckimim + Aliados)
Resultado do jogo: José Serra ganhava disparado até o último round. Alckimim (que deve ser alquimista) conseguiu ganhar a partida no último minuto.
CATEGORIA NACIONAL:
Modalidade: Qualquer coisa em que um taco de beisebol possa ser diplomaticamente arremessado na cabeça do oponente.
N° de Participantes: 2 (Senador C. Buarque versus Sr. C. Vigilante)
Resultado Parcial: Vigilante não se deixa abater (pelo menos aparentemente), apesar das pancadas que recebe em sua cabeça dura. C. Buarque acusa o adversário de tramóias e jogo sujo.
CATEGORIA BURITI:
Modalidade: Golfe
N° de Participantes: Vários. Mas nessa modalidade, é a esquerda autofágica contra ela mesma.
Observando o jogo: D. Arlete e Sr. Agnelo estão com seus respectivos tacos, mas não se sabe onde foram parar as bolinhas e os "buracos".
segunda-feira, 10 de abril de 2006
Mantenedores do Sistema
Quanto mais óbvio, menos provável. Há quem pense que morar em Brasília é, essencialmente, estar ligado à política. Ledo engano. Diria até ‘ledíssimo’, em homenagem a um conhecido, caso tal superlativo existisse. O brasiliense é por si só um ignorante político, e isso inclui estudantes, funcionários do governo, jornalistas. Teremos um exemplo disso se formos observar de quem é a dinastia que domina Brasília há tempos, qual o jornal mais popular e a revista de maior vendagem na capital. É preciso citar nomes?
Eu poderia até culpar a burguesia pelo fato, pois temos a maior concentração dela por metro quadrado do país (graças ao bom Deus o fato se deve a não termos tantos metros quadrados assim), mas me assusto a cada vez que constato que somos a nata da ignorância política e da falta de humanidade, por descaso ou até simplesmente por preguiça. Nos ônibus e nas ruas reinam as idéias reacionárias, do tipo “rouba, mas faz”, nas escolas professores insistem que sem dinheiro (muito) você não vai ser ninguém. Mães e pais pressionam adolescentes quando surgem concursos públicos como os da Câmara ou do Senado (o salário, meu filho, pense no salário). Mas quando o assunto é eleições, cada um dá seu jeito de sair de fininho. É um tal de “política não se discute” pra cá, uma história de “são todos iguais, as coisas não vão mudar” pra lá que até enjoa. Igualdade social? “Nunca”, dirão, “é utopia. Coisa de sonhadores, de quem não sabe ser prático”. Um nojo. Sim, pois a ignorância consentida enoja.
Mas por outro lado temos o que alguém chamou de “classe média comunista”. Esse é o tipo mais engraçado. É o filho de deputado tucano que usa camiseta do Che, os hippies universitários que desfilam na L2 de Honda Civic, e coisas desse tipo. Uma incoerência só.
E enquanto esses dois grandes grupos (os acomodados e os pseudo-engajados) vivem da sua autofagia, a miséria vai crescendo ao redor da capital. Invasão em cima de invasão, gente morando no lixão, a favela de Vicente Pires aumentando (inclusive suas aparições na mídia local), o crime se organizando e deputado vendendo a mãe pra não ter o nome envolvido em escândalos esse ano.
Brasília é um retrato saturado do restante do país. Aqui as coisas são mais evidentes, talvez por isso todo mundo aqui viva como se a situação fosse a mais normal possível. Não percebem o caos, não se comovem com a realidade alheia. Temos um governo criador de miseráveis. Quem foi que disse pra alguém que Brasília é um paraíso? Por que vêm pessoas dos confins do Goiás achando que, chegando aqui, por um passe de mágica vão conseguir um emprego público e apartamento na Asa Sul? Brasília não dá mais conta dos próprios filhos, e não se por de dar ao luxo de sair adotando mais gente. Não, não estou sendo fascista, longe de mim. O que acho é que devemos encarar o fato de que aqui ninguém quer dividir nada com ninguém. O cara que trabalha no Senado não quer que seu filho, tão bem educado no Galois, divida um banco de universidade com o filho do porteiro do prédio, quem dirá pensar no fato de que sua empregada possa vir a ser sua chefe no serviço público. Isso nunca! Alguém tem que evitar que o poder chegue às mãos de ex-empregados de fábricas e metalúrgicas, de professores ou estudantes. Vê lá se alguém quer deixar de comer em restaurantes caríssimos pra que algum outro infeliz possa vir a ter o arroz-com-feijão na mesa.
“Não, não”, pensam, “que eles se contentem com a própria sorte, porque nós já nos contentamos com a nossa”.
Eu poderia até culpar a burguesia pelo fato, pois temos a maior concentração dela por metro quadrado do país (graças ao bom Deus o fato se deve a não termos tantos metros quadrados assim), mas me assusto a cada vez que constato que somos a nata da ignorância política e da falta de humanidade, por descaso ou até simplesmente por preguiça. Nos ônibus e nas ruas reinam as idéias reacionárias, do tipo “rouba, mas faz”, nas escolas professores insistem que sem dinheiro (muito) você não vai ser ninguém. Mães e pais pressionam adolescentes quando surgem concursos públicos como os da Câmara ou do Senado (o salário, meu filho, pense no salário). Mas quando o assunto é eleições, cada um dá seu jeito de sair de fininho. É um tal de “política não se discute” pra cá, uma história de “são todos iguais, as coisas não vão mudar” pra lá que até enjoa. Igualdade social? “Nunca”, dirão, “é utopia. Coisa de sonhadores, de quem não sabe ser prático”. Um nojo. Sim, pois a ignorância consentida enoja.
Mas por outro lado temos o que alguém chamou de “classe média comunista”. Esse é o tipo mais engraçado. É o filho de deputado tucano que usa camiseta do Che, os hippies universitários que desfilam na L2 de Honda Civic, e coisas desse tipo. Uma incoerência só.
E enquanto esses dois grandes grupos (os acomodados e os pseudo-engajados) vivem da sua autofagia, a miséria vai crescendo ao redor da capital. Invasão em cima de invasão, gente morando no lixão, a favela de Vicente Pires aumentando (inclusive suas aparições na mídia local), o crime se organizando e deputado vendendo a mãe pra não ter o nome envolvido em escândalos esse ano.
Brasília é um retrato saturado do restante do país. Aqui as coisas são mais evidentes, talvez por isso todo mundo aqui viva como se a situação fosse a mais normal possível. Não percebem o caos, não se comovem com a realidade alheia. Temos um governo criador de miseráveis. Quem foi que disse pra alguém que Brasília é um paraíso? Por que vêm pessoas dos confins do Goiás achando que, chegando aqui, por um passe de mágica vão conseguir um emprego público e apartamento na Asa Sul? Brasília não dá mais conta dos próprios filhos, e não se por de dar ao luxo de sair adotando mais gente. Não, não estou sendo fascista, longe de mim. O que acho é que devemos encarar o fato de que aqui ninguém quer dividir nada com ninguém. O cara que trabalha no Senado não quer que seu filho, tão bem educado no Galois, divida um banco de universidade com o filho do porteiro do prédio, quem dirá pensar no fato de que sua empregada possa vir a ser sua chefe no serviço público. Isso nunca! Alguém tem que evitar que o poder chegue às mãos de ex-empregados de fábricas e metalúrgicas, de professores ou estudantes. Vê lá se alguém quer deixar de comer em restaurantes caríssimos pra que algum outro infeliz possa vir a ter o arroz-com-feijão na mesa.
“Não, não”, pensam, “que eles se contentem com a própria sorte, porque nós já nos contentamos com a nossa”.
25/06/2006
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