domingo, 31 de maio de 2009

começo extremo

não lembro qual foi o assunto que surgiu entre um colega de trabalho e eu e levou à esse filme. lá pelas tantas ele comentou e eu fui atrás pra saber de qual era (inclusive, o filme casa vazia também foi recomendado por ele, mas até hoje não consegui encontrá-lo).
dividido em três partes, dirigidos cada uma por um diretor de um país diferente (hong kong, coréia do sul e japão), three... extremes (2004) apresenta três situações realmente extremas, sem nenhuma ligação entre si, como se fossem três contos de horror. ou melhor, nem tanto de horror, mas macabros mesmo. mas nada de direção tosca, cenas asquerosas e fotografia de quinta: a proposta de se apresentar situações extremas de forma estética foi magistralmente cumprida. se não fosse tão hardcore, era um filme bonito.
entre assitir a primeira e a última parte devem ter se passado bem um mês. meu irmão começou assistir comigo e não chegou nem no terceiro bolinho de feto. a segunda parte eu só consegui ver inteira na segunda tentativa, e a última até que foi bem rapidinha. se todos os filmes fossem assim, estaríamos agora no começo da odisseia um filme por mês, de revirar o estômago (por falar em estômago, tem aquele filme com esse nome, acho que vou assistir). mesmo assim, foi um dos melhores filmes que eu vi esse ano, pelo menos até agora.
a primera parte, dumplings, de fruit chan (oooobviamente, o nome do diretor foi copiado do google), conta a história de uma ex-atriz de meia idade que fora linda-rica-bonitona e agora, com a passagem do tempo, está desesperada com a perda da juventude (e do interesse do marido, que tem uma amante mais jovem). ela procura tia mei, conhecida por ter uma receita de rejuvenecimento imbatível: bolinhos (dumplings) feitos com fetos provenientes de abortos feitos pela própria tia mei ou na clínica em que ela trabalhava. mas, à medida que a atriz se angustia por efeitos mais visíveis, o preço vai se tornando alto demais. aliás, pra ela, nenhum preço é alto demais para se ter a juventude de volta; aí se desenrola uma história que envolve abortos, assassinatos, traição, incesto, tudo tendo como força motriz a vaidade ao extremo.
o próximo segmento é do diretor de oldboy (aliás, filmaço!), park chan-wook -esse eu sabia mesmo- que apresenta uma história pra lá de bizarra com o argumento parecido com o daquele filme: um diretor de cinema bem-sucedido e sua mulher são repentinamente sequestrado por um cara que eles não têm ideia de quem seja e nem por quê está fazendo isso. a mulher do diretor, que é pianista, está sentada ao piano totalmente (totalmente mesmo) amarrada, com os dedos colados (provavelmente com superbonder) nas teclas. o sequestrador maluco mostra ao cineasta uma menininha de uns oito anos e o obriga a matar a criança. a cada dez minutos que passam sem que o cineasta consiga fazê-lo, ele corta um dedo da esposa. enquanto isso, vai contando sua história de vida. a cena é cheia de sangue, choro e humor negro, onde vão se mostrando os defeitos morais de cada um dos personagens.
a terceira e última parte é a melhor entre as três se formos pensar em argumento + roteiro + direção + fotografia. o resultado é um efeito sufocante de pesadelo constante, onde não sabemos o que é real e o que é imaginação. uma única e rapidíssima cena -a última, magnificamente pensada- desvenda toda a realidade. cut conta a história de uma famosa escritora que é atormentada pelas visões da irmã mais nova, morta em um incêndio causado pelo ciúme entre elas quando trabalhavam como assistentes de um mágico. as visões com a irmã, um pesadelo recorrente e imagens delirantes dão uma agonia horrorosa, o que só mostra o quão bem feito é o filme.
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apesar de já ter umas semanas que eu assisti trhee... extremes, pensei em começar por ele por ter sido o primeiro filme que assisti depois de ter pensado no projeto, e por ser um filme diferente do que eu estou acostumada a ver. trash sem ser tosco, incômodo sem ser pesado, um filme de arte sem ser pedante nem hermético. quase um filme delicado.


ps: esperando pacaraio o anticristo do lars von trier.

sábado, 30 de maio de 2009

projetos

depois de décadas de ajuntamento de livros, filmes e músicas, vamos começar los grandes proyectos: Um Filme por Dia e Um Livro por Semana.
também serão empreendidos um projeto no mesmo esquema, relacionado à música (mas ainda não me decidi qual o esquema, uma espécie de "um álbum por dia" ou "um artista por vez", nosso departamento projetístico está trabalhando em cima disso); o projeto de até o fim do ano tirar algo do violão que não sejam calos nas mãos e cordas arrebentadas, alguma coisa relacionada à fotografia (coimalinda!) e aprender decentemente espanhol. e, obviamente, outros projetos serão incorporados à lista. e se algum deles chegar pelo menos à metade, poderemos considerar isso um grande avanço da minha parte.

pois bem.

profundamente dedicados à ociosidade luminosa e produtiva e ao bom aproveitamento do tempo e da vida, os assim chamados "projetos" consistem em, dois pontos

a) como o nome já diz, o Um Filme por Dia irá se dedicar, ou eu irei me dedicar, a assistir todos os filmes que tiverem a sorte de passar pelos meus olhos (vou tentar me controlar e não assistir o labirinto do fauno mais mil vezes). para isso contaremos com um grande acervo de filmes baixados, copiados, backupiados, comprados, locados e emprestados, um por dia -na medida do possível- que serão comentados aqui nesse moribundo blog.
sim, aceitamos sugestões :-P

b) Um Livro por Semana: a book per week, aiquitesón, é um ótimo motivo para eu começar a ler os livros que eu comprei e ainda não li. o único motivo é o prazer em si, já que isso de ler livro obrigado é o pior castigo do mundo e eu nunca precisei disso. o projeto Um Filme... (escrevendo igual jornalista, ui) já existia, e é fruto do anteprojeto musical da mesma espécie (e ainda sem nome/ planejamento). Conversando com Lelê Teles, me veio a idéia de fazer o mesmo com livros

abre parênteses:
eu: (...) eu pouco tenho lido, mas to comprando tanto livro que mal tá cabendo em casa!
ele: os livros nos encantam e nos educam até mesmo com a sua presença, além de ter o poder de seduzir os outros.
(achei lindo isso)

fecha parênteses

o esquema de leitura é o seguinte: nenhum. posso começar lendo livros por ordem alfabética, por ordem de tamanho, por ordem inversa de tamanho ou por cor da capa, whatever. não vai adiantar nada mesmo, todo hora vão aparecer regras novas e sumir outras (quem gosta de calvinbol levanta a mão).

e por falar em comprar livros, daniel lopes, aquela fofura, me vendeu as cem melhores crônicas, do mário prata; o queremos tanto a glenda, do cortázar; o granta, volume 3; o amor e lixo, do ivan klíma e ainda vai me mandar de brinde o tre cavalli, que vai de presente pro camarada marcos lima. tudo isso por um preço pra lá de bão. quem quiser testar, vai lá na prateleira dele na ev.

então é isso, vamos ao primeiro filme.


ps: o lance é comentar filmes e livros, discordar, concordar ou confundir. pra fazer crítica profunda e bem fundamentada têm outros seres se dedicando que não eu.

psii: comecei ontem o sobre a brevidade da vida, do sêneca (o diderot, já no século xviii e antes que caetano pudesse dizer algo, tascou logo um "esse tratado é lindo", no melhor sotaque baiano), vamo ver o que dá.

psiii: baixei o the complete recordings, do robert johnson. cavernoso. o hômi falou com o capeta mesmo, certeza.

psiv: meu irmão até que enfim aprendeu o que é bom da vida e vendeu sua alma ao rock n' roll. ou não. o fato é que ele me apresentou a kiss fm tem algumas horas, e eu já ouvi kiss, ac/dc, heaven & hell e led zeppelin, então vale a pena ;-)