não lembro qual foi o assunto que surgiu entre um colega de trabalho e eu e levou à esse filme. lá pelas tantas ele comentou e eu fui atrás pra saber de qual era (inclusive, o filme casa vazia também foi recomendado por ele, mas até hoje não consegui encontrá-lo).
dividido em três partes, dirigidos cada uma por um diretor de um país diferente (hong kong, coréia do sul e japão), three... extremes (2004) apresenta três situações realmente extremas, sem nenhuma ligação entre si, como se fossem três contos de horror. ou melhor, nem tanto de horror, mas macabros mesmo. mas nada de direção tosca, cenas asquerosas e fotografia de quinta: a proposta de se apresentar situações extremas de forma estética foi magistralmente cumprida. se não fosse tão hardcore, era um filme bonito.
entre assitir a primeira e a última parte devem ter se passado bem um mês. meu irmão começou assistir comigo e não chegou nem no terceiro bolinho de feto. a segunda parte eu só consegui ver inteira na segunda tentativa, e a última até que foi bem rapidinha. se todos os filmes fossem assim, estaríamos agora no começo da odisseia um filme por mês, de revirar o estômago (por falar em estômago, tem aquele filme com esse nome, acho que vou assistir). mesmo assim, foi um dos melhores filmes que eu vi esse ano, pelo menos até agora.
a primera parte, dumplings, de fruit chan (oooobviamente, o nome do diretor foi copiado do google), conta a história de uma ex-atriz de meia idade que fora linda-rica-bonitona e agora, com a passagem do tempo, está desesperada com a perda da juventude (e do interesse do marido, que tem uma amante mais jovem). ela procura tia mei, conhecida por ter uma receita de rejuvenecimento imbatível: bolinhos (dumplings) feitos com fetos provenientes de abortos feitos pela própria tia mei ou na clínica em que ela trabalhava. mas, à medida que a atriz se angustia por efeitos mais visíveis, o preço vai se tornando alto demais. aliás, pra ela, nenhum preço é alto demais para se ter a juventude de volta; aí se desenrola uma história que envolve abortos, assassinatos, traição, incesto, tudo tendo como força motriz a vaidade ao extremo.
o próximo segmento é do diretor de oldboy (aliás, filmaço!), park chan-wook -esse eu sabia mesmo- que apresenta uma história pra lá de bizarra com o argumento parecido com o daquele filme: um diretor de cinema bem-sucedido e sua mulher são repentinamente sequestrado por um cara que eles não têm ideia de quem seja e nem por quê está fazendo isso. a mulher do diretor, que é pianista, está sentada ao piano totalmente (totalmente mesmo) amarrada, com os dedos colados (provavelmente com superbonder) nas teclas. o sequestrador maluco mostra ao cineasta uma menininha de uns oito anos e o obriga a matar a criança. a cada dez minutos que passam sem que o cineasta consiga fazê-lo, ele corta um dedo da esposa. enquanto isso, vai contando sua história de vida. a cena é cheia de sangue, choro e humor negro, onde vão se mostrando os defeitos morais de cada um dos personagens.
a terceira e última parte é a melhor entre as três se formos pensar em argumento + roteiro + direção + fotografia. o resultado é um efeito sufocante de pesadelo constante, onde não sabemos o que é real e o que é imaginação. uma única e rapidíssima cena -a última, magnificamente pensada- desvenda toda a realidade. cut conta a história de uma famosa escritora que é atormentada pelas visões da irmã mais nova, morta em um incêndio causado pelo ciúme entre elas quando trabalhavam como assistentes de um mágico. as visões com a irmã, um pesadelo recorrente e imagens delirantes dão uma agonia horrorosa, o que só mostra o quão bem feito é o filme.
__
apesar de já ter umas semanas que eu assisti trhee... extremes, pensei em começar por ele por ter sido o primeiro filme que assisti depois de ter pensado no projeto, e por ser um filme diferente do que eu estou acostumada a ver. trash sem ser tosco, incômodo sem ser pesado, um filme de arte sem ser pedante nem hermético. quase um filme delicado.
ps: esperando pacaraio o anticristo do lars von trier.
dividido em três partes, dirigidos cada uma por um diretor de um país diferente (hong kong, coréia do sul e japão), three... extremes (2004) apresenta três situações realmente extremas, sem nenhuma ligação entre si, como se fossem três contos de horror. ou melhor, nem tanto de horror, mas macabros mesmo. mas nada de direção tosca, cenas asquerosas e fotografia de quinta: a proposta de se apresentar situações extremas de forma estética foi magistralmente cumprida. se não fosse tão hardcore, era um filme bonito.
entre assitir a primeira e a última parte devem ter se passado bem um mês. meu irmão começou assistir comigo e não chegou nem no terceiro bolinho de feto. a segunda parte eu só consegui ver inteira na segunda tentativa, e a última até que foi bem rapidinha. se todos os filmes fossem assim, estaríamos agora no começo da odisseia um filme por mês, de revirar o estômago (por falar em estômago, tem aquele filme com esse nome, acho que vou assistir). mesmo assim, foi um dos melhores filmes que eu vi esse ano, pelo menos até agora.
a primera parte, dumplings, de fruit chan (oooobviamente, o nome do diretor foi copiado do google), conta a história de uma ex-atriz de meia idade que fora linda-rica-bonitona e agora, com a passagem do tempo, está desesperada com a perda da juventude (e do interesse do marido, que tem uma amante mais jovem). ela procura tia mei, conhecida por ter uma receita de rejuvenecimento imbatível: bolinhos (dumplings) feitos com fetos provenientes de abortos feitos pela própria tia mei ou na clínica em que ela trabalhava. mas, à medida que a atriz se angustia por efeitos mais visíveis, o preço vai se tornando alto demais. aliás, pra ela, nenhum preço é alto demais para se ter a juventude de volta; aí se desenrola uma história que envolve abortos, assassinatos, traição, incesto, tudo tendo como força motriz a vaidade ao extremo.
o próximo segmento é do diretor de oldboy (aliás, filmaço!), park chan-wook -esse eu sabia mesmo- que apresenta uma história pra lá de bizarra com o argumento parecido com o daquele filme: um diretor de cinema bem-sucedido e sua mulher são repentinamente sequestrado por um cara que eles não têm ideia de quem seja e nem por quê está fazendo isso. a mulher do diretor, que é pianista, está sentada ao piano totalmente (totalmente mesmo) amarrada, com os dedos colados (provavelmente com superbonder) nas teclas. o sequestrador maluco mostra ao cineasta uma menininha de uns oito anos e o obriga a matar a criança. a cada dez minutos que passam sem que o cineasta consiga fazê-lo, ele corta um dedo da esposa. enquanto isso, vai contando sua história de vida. a cena é cheia de sangue, choro e humor negro, onde vão se mostrando os defeitos morais de cada um dos personagens.
a terceira e última parte é a melhor entre as três se formos pensar em argumento + roteiro + direção + fotografia. o resultado é um efeito sufocante de pesadelo constante, onde não sabemos o que é real e o que é imaginação. uma única e rapidíssima cena -a última, magnificamente pensada- desvenda toda a realidade. cut conta a história de uma famosa escritora que é atormentada pelas visões da irmã mais nova, morta em um incêndio causado pelo ciúme entre elas quando trabalhavam como assistentes de um mágico. as visões com a irmã, um pesadelo recorrente e imagens delirantes dão uma agonia horrorosa, o que só mostra o quão bem feito é o filme.
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apesar de já ter umas semanas que eu assisti trhee... extremes, pensei em começar por ele por ter sido o primeiro filme que assisti depois de ter pensado no projeto, e por ser um filme diferente do que eu estou acostumada a ver. trash sem ser tosco, incômodo sem ser pesado, um filme de arte sem ser pedante nem hermético. quase um filme delicado.
ps: esperando pacaraio o anticristo do lars von trier.