quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Estradas

"As estradas são encaradas por de Selby como os mais remotos dos monumentos humanos, ultrapassando em muitas dezenas de séculos o mais antigo objeto de pedra que o homem tenha erigido para assinalar a sua passagem. O passo do tempo, diz ele, uniforme em todas as outras partes, apenas bateu com uma firmeza mais duradoura os caminhos que foram abertos pelo mundo a fora. De Selby assevera também que uma boa estrada tem que ter caráter e um ar de destino, uma insinuação indefinível de que está indo para algum lugar, seja para leste e para oeste, e não retornando de lá. Se você seguir por tal estrada, acha ele, ela lhe oferecerá uma viagem agradável, belas vistas em cada curva e uma tranqüila facilidade de peregrinação que o convencerá de que está endando permanentemente em declives. Mas se você rumar para leste numa estrada que está seguindo para oeste, ficará admirado com a aridez de cada paisagem e o enorme número de aclives calejantes que o confrontará para fatigá-lo. Caso uma estrada amistosa o levasse a entrar numa cidade complicada com um emaranhado de ruas sinuosas e quinhentas outras estradas saindo dela com destinos ignorados, sua própria estrada será sempre discernível por si mesma e o conduzirá para fora da cidade confusa."

Horas Douradas, VI, 156.

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