terça-feira, 2 de janeiro de 2007

"de loucura rompeu-se-me o dique da razão"


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"Alô!
Quem fala?
Mamãe?
Mãe!
Teu filho está esplendidamente enfermo.
Tem um incêndio no coração.
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(...)
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Mãe!
Não posso mais cantar.
No templo de meu coração
o altar está em chamas!
Palavras e números
como figuras ardentes
fogem de meu crânio
como crianças de uma casa em fogo.
Era assim que o pavor
de não poder agarrar-se nas nuvens
erguia os braços-labaredas do Lusitânia.
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Ante a tímida gente
que vive na paz caseira
ergue-se um halo de incêndio
de mil olhos.
Ó meu derradeiro grito!
Dize aos séculos futuros
pelo menos isto:
Que eu estou em chamas.
(1915)
[Maiakóvski - Antologia POética. 4ª edição. Tradução de E. Carrera Guerra]
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Extrema e lindamente apaixonado. Sempre. Assim foi [e é] Vladimir Maiakóvski. Para sempre ferido mortalmente pelo amor.
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